Ele não pode ver um
paninho, camiseta, toalha, tapete, qualquer coisa que ele deita. Tantos banhos,
... e sempre aquele cheirinho, batizando seus espaços... e sem lembrar da incontinência urinária =x. Nossa convivência é curta para sua idade muita, e
também levei um tempo para transformar e assimilar nossa amizade. De um
estranho ranzinza para alguém na minha vida, ... não há mundo para
certezas!
Estava nesse momento e pensei em pedir para Danilo escrever sobre o Nanuke,
ao que prontamente aquiesceu. Foi o seu lobista de início, apontando suas
formosuras.
Em suas palavras...
Ele chegou quando a
gente já era. Veio pequeninho ocupando um lugar no nosso pequeno lar.
Conquistando seu
espaço pouco a pouco, veio se fazendo gente, e à medida que passava tempo para
gente, passa ainda mais rápido pra ele. E ai, a gente se fazendo gente, e vida
se mostrando vida, na sua lógica confusa, seguiu um curso que só ela sabe qual.
A certeza, era só que tudo cresce.
Cresce a gente, e
ele junto cresceu também, não muito, mas do jeito dele, que nem a vida. No seu
tamanhinho, era um gigante. E por crescer exigiu uma casa maior para ele. E a
casa aumentou, e a gente cresceu, e ele continuou com a gente. Claro, de vez
outra, na sua pequenura, batia nele um gigantismo, e ele resolvia achar um
buraco na casa grande e se fazer do tamanho do mundo.
E ficava lá,
fazendo sei lá o que, uns dias. E voltava para nosso alívio, quando percebia
que ser dono do tamanho do mundo era difícil, melhor ser dono do tamanho da
casa e conseguir dormir em um cantinho qualquer, com seu cheiro em todos os
cantos. Mas havia um preço a pagar pela aventura. A água. E ele nunca perdeu
esse costume. Ranzinza, resmunga, debate, foge, se esfrega novamente no chão. É
jeito dele.
Já crescido ele
sabe o que faz. Ele foi crescendo, nós também. Foi adquirindo outras manias,
nós também. E ele se esfrega no pé, na planta, na cadeira, na arvore, na
parede. E lambe e lambe, e coça, e às vezes suas manias não encontram com a
nossa, e ai já viu, porta a fora.
Mas ele sabe que a
porta abre e fecha, e ele entra outra vez, e outra vez ele sai, e lá novamente
ele acha um jeito de achar um canto, e nesse canto, feito para ele, ele deita,
no seu espacinho pequeno, onde ele reina. Aí de nós se a porta está fechada, e
ele bate, ele arranha, e de vez por outra, em um a língua só dele, mas a gente
entende, ele fala: